Fabaceae

Hymenolobium heterocarpum Ducke

Como citar:

Eduardo Amorim; Eduardo Fernandez. 2020. Hymenolobium heterocarpum (Fabaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

219.834,513 Km2

AOO:

80,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

Espécie não endêmica do Brasil (Briggitthe Melchor-Castro comunicação pessoal, 2020). Com distribuição: no estado do Amazonas — nos municípios Manaus, Presidente Figueiredo e São Gabriel da Cachoeira.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Eduardo Amorim
Revisor: Eduardo Fernandez
Critério: B2ab(i,ii,iii,iv)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvore com até 16 m de altura (Melchor-Castro, 2020), não endêmica do Brasil (Briggitthe Melchor-Castro comunicação pessoal, 2020). Com distribuição no estado do Amazonas, municípios Manaus, Presidente Figueiredo e São Gabriel da Cachoeira. Ocorre na Amazônia, em Floresta de Igapó, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (Melchor-Castro, 2020). Apresenta AOO= 72km² e três situações e ameaça. A árvore é colhida na natureza por sua madeira, que é uma madeira de construção de boa qualidade, usada localmente e também comercializada (Tropical Plants Database, 2020). Espécies como Hymenolobium heterocarpum, H. petraeum, H. complicatum, H. elatum, H. excelsum, H. heterocarpum, H modestum, são comercializadas no Brasil como angelim-pedra (IPT, 2020). A espécie está na lista de espécies madeireiras mais comercializadas no Brasil, lista elaborada pela Equipe de Anatomia do Laboratório de Produtos Florestais do Serviço Florestal Brasileiro (SNIF, 2020). O comércio de madeira, legal e ilegal, pode ser o primeiro estágio da degradação e conversão florestal. A extração de madeira é uma causa relativamente menor de desmatamento na Amazônia, mas cria uma degradação florestal significativa e, mais importante, abre a floresta para outras explorações e uso da terra, incluindo o desmatamento completo. O escopo da extração seletiva de madeira é subestimado, mas pode ter um impacto prejudicial sobre a biodiversidade. Mais amplamente, estima-se que a extração seletiva de madeira leve a uma completa mudança no uso da terra em um quarto dos casos na Amazônia (Charity et al., 2016). Registro constante de atividades ilegais de grande impacto desenvolvidas na maior parte das áreas protegidas da Amazônia foi desenvolvido por Kauano et al. (2017). Os autores encontraram 27 tipos de uso ilegal de recursos naturais que foram agrupados em 10 categorias de atividades ilegais. A maioria das infrações estava relacionada à supressão e degradação da vegetação (37,40%), seguida pela pesca ilegal (27,30%) e atividades de caça (18,20%). Esses resultados demonstram que, embora as APs sejam fundamentais para a conservação da natureza na Amazônia brasileira, as pressões e ameaças representadas pelas atividades humanas incluem uma ampla gama de usos ilegais de recursos naturais. A densidade populacional de até 50 km de uma AP é uma variável chave, influenciando atividades ilegais. Essas ameaças colocam em risco a conservação a longo prazo e ainda são necessários muitos esforços para manter os APs suficientemente grandes e intactos para manter as funções dos ecossistemas e proteger a biodiversidade. Diante o cenário de ameaças vigentes infere-se o declínio contínuo de extensão de ocorrência, área de ocupação, qualidade de habitat, situações de ameaça e de indivíduos maduros. Assim, Hymenolobium heterocarpum foi avaliada como Em Perigo (EN) de extinção. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Planos de Ação, Cumprimento de efetividade de Unidades de Conservação e Conservação ex situ) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.

Último avistamento: 2018
Quantidade de locations: 3
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

O carácter mais distinguido dessa espécie é o fruto, ele é de forma circular, textura subcoriácea e está adaptado a uma dispersão por água. Quando estéril, possui grande afinidade com H. pulcherrimum, mas pode ser diferenciada pela cor dos tricomas das folhas e predominância das nervações. Se estiver em inflorescência, ela também pode ser diferenciada por ser irregular e de tricomas marrons (Briggitthe Melchor-Castro, comunicação pessoal). Descrita em: Trop. Woods 47, 6, 1936. Popularmente conhecida como Carámate, Sucupira, Sucupira chorona, Sucupira peluda (Briggitthe Melchor-Castro comunicação pessoal, 2020). Angelim Branco/Angelim Pedra (Amaral, P., et al., 1998.) Angelim-pedra-macho (SNIF, 2020).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: A árvore é colhida na natureza por sua madeira, que é uma madeira de construção de boa qualidade, usada localmente e também comercializada (Tropical Plants Database, 2020). Espécies como Hymenolobium heterocarpum, H. petraeum, H. complicatum, H. elatum, H. excelsum, H. heterocarpum, H modestum, são comercializadas no Brasil como angelim-pedra (IPT, 2020). A espécie esta na lista de espécies madeireiras mais comercializadas no Brasil, lista elaborada pela Equipe de Anatomia do Laboratório de Produtos Florestais do Serviço Florestal Brasileiro (SNIF, 2020).

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Não existem dados populacionais.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Biomas: Amazônia
Vegetação: Floresta de Igapó, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1.8 Subtropical/Tropical Swamp Forest, 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvore com até 16 m de altura. Ocorre na Amazônia, em Floresta de Igapó, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).

Reprodução:

Detalhes: A espécie é hermafrodita. Foi coletada com flores: outubro e dezembro; e com frutos: fevereiro à Junho (Briggitthe Melchor-Castro, comunicação pessoal).
Sistema sexual: hermafrodita

Ameaças (9):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.3 Agro-industry farming habitat past,present,future national very high
Nas últimas quatro décadas, o Brasil tem aumentado a sua produção e a produtividade agrícola de larga escala, com destaque para as commodities, cujas exportações cresceram consideravelmente nas últimas décadas (Gasques et al., 2012, Martorano et al., 2016, Joly et al., 2019). As estimativas realizadas para os próximos dez anos são de que a área total plantada com lavouras deve passar de 75,0 milhões de hectares em 2017/18 para 85,0 milhões em 2027/28 (MAPA, 2019). A Amazônia brasileira, com 330 milhões de hectares, possuía, em 2014, 4.337.700 ha (1,3%) de sua extensão convertidos em áreas agrícolas (TerraClass, 2020). Outra estimativa realizada em 2018, registrou 5.488.480 ha (1,6%) (MapBiomas, 2020) da Amazônia brasileira convertidos em áreas agrícolas. Em 2019, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas na região Norte foi estimada em ca. 9.807.396 kg (IBGE, 2020). Apenas em abril de 2020, foram produzidos ca. 10.492.007 kg desses produtos agrícolas, o que representou um incremento de 7% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020). A produção de soja é uma das principais forças econômicas que impulsionam a expansão da fronteira agrícola na Amazônia brasileira (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012, Charity et al., 2016). Segundo o IBGE (2020), na região Norte, em 2019, a produtividade da soja na região Norte foi de ca. 5.703.702 kg, enquanto em abril de 2020, já foram produzidos ca. 6.213.441 kg, representando um incremento de 8.9% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020). Em abril de 2020, a cultura de soja foi responsável por 59,2% de toda produtividade agrícola na região Norte, seguida pelo milho, com 30,1% (IBGE, 2020). A soja é mais prejudicial do que outras culturas, porque estimula projetos de infraestrutura de transporte de grande escala que levam à destruição de habitats naturais em vastas áreas, além daquelas já diretamente utilizadas para cultivo (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012).
Referências:
  1. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D., Stolton, S., 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
  2. Fearnside, P.M., 2001. Soybean cultivation as a threat to the environment in Brazil. Environ. Conserv. 28, 23–38. URL https://doi.org/10.1017/S0376892901000030
  3. Vera-Diaz, M. del C., Kaufmann, R.K., Nepstad, D.C., Schlesinger, P., 2008. An interdisciplinary model of soybean yield in the Amazon Basin: The climatic, edaphic, and economic determinants. Ecol. Econ. 65, 420–431. URL https://doi.org/10.1016/j.ecolecon.2007.07.015
  4. Gasques, J.G., Bastos, E.T., Valdes, C., Bacchi, M.R.P., 2012. Total factor productivity in Brazilian Agriculture, in: Fuglie, K.O., Wang, S.L., Ball, V.E. (Eds.), Productivity Growth in Agriculture: An International Perspective. CABI, Oxfordshire, pp 145-161.
  5. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica, 2020. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. URL www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e-pecuaria/9201-levantamento-sistematico-da-producao-agricola.html
  6. Joly, C.A., Scarano, F.R., Seixas, C.S., Metzger, J.P., Ometto, J.P., Bustamante, M.M.C., Padgurschi, M.C.G., Pires, A.P.F., Castro, P.F.D., Gadda, T., Toledo, P., Padgurschi, M.C.G., 2019. 1º Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. BPBES - Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossitêmicos. Editora Cubo, São Carlos. URL https://doi.org/10.4322/978-85-60064-88-5
  7. MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2019. Projeções do Agronegócio: Brasil 2018/19 a 2028/29, projeções de longo prazo. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Política Agrícola, Brasília. URL http://www.sapc.embrapa.br/arquivos/consorcio/informe_estatistico/Projecao_do_Agronegocio_2018_2019_a_2028_29.pdf
  8. MapBiomas, 2020. Plataforma MapBiomas v.4.1 - Base de Dados Cobertura e Uso do Solo. URL https://plataforma.mapbiomas.org/map#coverage (acesso em 03 de junho de 2020).
  9. Martorano, L., Siviero, M., Tourne, D., Fitzjarrald, D., Vettorazzi, C., Junior, S., Alberto, J., Yeared, G., Meyering, É., Sheila, L., Lisboa, S., 2016. Agriculture and forest: A sustainable strategy in the brazilian amazon. Austral. J. Crop Sci. 8, 1136–1143. URL https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/147006/1/martorano-10-8-2016-1136-1143.pdf
  10. Nepstad, D.C., Stickler, C.M., Almeida, O.T., 2006. Globalization of the Amazon Soy and Beef Industries: Opportunities for Conservation. Conserv. Biol. 20, 1595–1603. URL https://doi.org/10.1111/j.1523-1739.2006.00510.x
  11. Domingues, M.S., Bermann, C., 2012. O arco de desflorestamento na Amazônia: da pecuária à soja. Ambient. Soc. 15, 1–22. URL https://doi.org/10.1590/S1414-753X2012000200002
  12. Simon, M.F., Garagorry, F.L., 2005. The expansion of agriculture in the brazilian amazon. Environmental Conservation 32, 203–212. URL https://doi.org/10.1017/s0376892905002201
  13. TerraClass, 2020. Projeto TerraClass, Dados 2014. URL https://www.terraclass.gov.br (acesso em 05 de junho de 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming habitat past,present,future national very high
A produção de carne e de leite tem crescido consideravelmente no Brasil nas últimas décadas, atingindo, em 2018-19, ca. 26 milhões de toneladas e 34,4 bilhões de litros, e a previsão oficial é de que ambas atividades deverão crescer, respectivamente, a uma taxa anual de 3,0% e a entre 2,0 e 2,8% nos próximos 10 anos (MAPA, 2019). Na Amazônia brasileira, ocorre desmatamentos para criação de gado em grande escala (Joly et al., 2019). Com ca. 330 milhões de hectares, a Amazônia brasileira possuia, em 2014, 42.427.000 ha (12,8%) de sua extensão convertidos em pastagens (TerraClass, 2020). Em 2018, as pastagens já ocupavam entre ca. 46.209.888 ha (14%) (Lapig, 2020) e 53.431.787 ha (16,1%) (MapBiomas, 2020). Aproximadamente 60-62% de todas as terras desmatadas na Amazônia brasileira são cobertas por pastagens, colocando a criação de gado em evidência como um dos principais impulsionadores do desmatamento (Almeida et al., 2016, Carvalho et al., 2020). Fora o impacto causado pela conversão de áreas, vários estudos com foco na ocorrência de incêndios no Brasil destacam que, atualmente, a Amazônia e o Cerrado apresentam os maiores números de eventos de incêndios relacionados principalmente a práticas de conversão da vegetação natural em pastagem, o que gera outros impactos diretos relacionados às atividades pecuárias (Davidson et al. 2012, MCTI 2016, Joly et al., 2019).
Referências:
  1. Almeida, C.A., Coutinho, A.C., Esquerdo, J.C.D.M., Adami, M., Venturieri, A., Diniz, C.G., Dessay, N., Durieux, L., Gomes, A.R., 2016. High spatial resolution land use and land cover mapping of the brazilian legal amazon in 2008 using landsat-5/TM and MODIS data. Acta Amazonica 46, 291–302. https://doi.org/10.1590/1809-4392201505504 (acesso em 05 de junho de 2020).
  2. Carvalho, R., de Aguiar, A.P.D., Amaral, S., 2020. Diversity of cattle raising systems and its effects over forest regrowth in a core region of cattle production in the brazilian amazon. Regional Environmental Change 20. URL https://doi.org/10.1007/s10113-020-01626-5 (acesso em 03 de junho de 2020).
  3. Davidson, E.A., Araújo, A.C., Artaxo, P., Balch, J.K., Brown, I.F., Bustamante, M.M.C., Coe, M.T., DeFries, R.S., Keller, M., Longo, M., Munger, J.W., Schroeder, W., Soares-Filho, B.S., Souza, C.M., Wofsy, S.C., 2012. The Amazon basin in transition. Nature, 481(7381), 321–328.
  4. Joly, C.A., Scarano, F.R., Seixas, C.S., Metzger, J.P., Ometto, J.P., Bustamante, M.M.C., Padgurschi, M.C.G., Pires, A.P.F., Castro, P.F.D., Gadda, T., Toledo, P., Padgurschi, M.C.G., 2019. 1º Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. BPBES - Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossitêmicos. Editora Cubo, São Carlos. URL https://doi.org/10.4322/978-85-60064-88-5
  5. Lapig - Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento, 2020. URL https://maps.lapig.iesa.ufg.br/lapig. html (acesso em 03 de junho de 2020).
  6. MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2019. Projeções do Agronegócio: Brasil 2018/19 a 2028/29 projeções de longo prazo. MAPA/ACE, Brasília. URL https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/politica-agricola/todas-publicacoes-de-politica-agricola/projecoes-do-agronegocio/projecoes-do-agronegocio-2018-2019-2028-2029/@@download/file/projecoes-2019_versao_final_3.pdf
  7. MapBiomas, 2020. Plataforma MapBiomas v.4.1 - Base de Dados Cobertura e Uso do Solo. URL https://plataforma.mapbiomas.org/map#coverage (acesso em 03 de junho de 2020).
  8. MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, 2016. Terceira Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento. Coordenação-Geral de Mudanças Globais de Clima. Sumário Executivo. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Brasília. URL https://www.mctic.gov.br/mctic/opencms/ciencia/SEPED/clima/Comunicacao_Nacional/Comunicacoes_Nacionais.html (acesso em 03 de junho de 2020).
  9. TerraClass, 2020. Projeto TerraClass, Dados 2014. URL https://www.terraclass.gov.br (acesso em 05 de junho de 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 3.2 Mining & quarrying habitat past,present,future national very high
Na Amazônia, ocorre degradação florestal por conta da mineração (Joly et al., 2019). Desde a década de 1960, a expansão de estradas, barragens e grandes projetos de mineração levaram a um intenso processo de ocupação regional que já levou cerca de 20% das florestas originais associadas ao bioma Amazônia no Brasil, e causaram conflitos sociais recorrentes (Becker, 2004, Hecht, 2011, Silva, 2015, Souza et al., 2015). Em 2004, o desmatamento chegou a 27.772 km², o que levou o governo brasileiro a elaborar um plano de longo prazo para controlar o desmatamento e afastar a região do modelo de fronteira tradicional para um plano de desenvolvimento mais centrado na conservação (Hecht, 2011). Entre 2005 e 2015 a mineração representou 9% do desmatamento na floresta amazônica. Contudo, os impactos da atividade de mineração podem se estender até 70 km além dos limites de concessão da mina, aumentando significativamente a taxa de desmatamento por meio do estabelecimento de infraestrutura (para mineração e transporte) e expansão urbana (Sonter et al., 2017). Estudos recentes indicaram que 15% do bioma Amazônia está potencialmente ocupado por áreas de mineração, podendo chegar a 30% em áreas protegidas (Charity et al., 2016). De acordo com Veiga e Hinton (2002), as atividades de mineração artesanal também têm gerado um legado de extensa degradação ambiental, tanto durante as operações quanto após as atividades cessarem, sendo um dos impactos ambientais mais significativos derivado do uso de mercúrio no garimpo de ouro. No município Presidente Figueiredo encontra-se uma importante jazida mineral de cassiterita localizada na sub-bacia do rio Pitinga. Considerada a maior jazida de cassiterita do mundo é explorada desde 1981 pela Mineração Taboca, do Grupo Paranapanema, de onde provém a maior parte da arrecadação de tributos do município. Esta mineração possui uma área de concessão de 122000 ha, dos quais 5 a 6% são explorados com lavra ou infra-estrutura, em 1995 está área era de aproximadamente 7728 ha, não considerando o reservatório da UHE Pitinga (ELETRONORTE e IBAMA, 1997). O município de São Gabriel da Cachoeira contém reservas importantíssimas de minério (nióbio, manganês e fosfato) que estão sendo visadas para exploração, já possui rodovias dentro dos seus limites (Perimetral Norte e a Rodovia São Gabriel-Cucuí parcialmente construída), instalações militares, seis reservas indígenas, incluindo uma missão salesiana e está sofrendo invasões muito sérias por parte de garimpeiros (especialmente ao longo Rio Cauaburí) (Rylands e Pinto, 1998).
Referências:
  1. Becker, B.K., 2004. Amazônia: geopolítica na virada do III milênio. Editora Garamond, Rio de Janeiro.
  2. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D., Stolton, S., 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
  3. Hecht, S.B., 2011. From eco-catastrophe to zero deforestation? Interdisciplinarities, politics, environmentalisms and reduced clearing in Amazonia. Environ. Conserv. 39, 4–19. https://doi.org/10.1017/S0376892911000452
  4. Joly, C.A., Scarano, F.R., Seixas, C.S., Metzger, J.P., Ometto, J.P., Bustamante, M.M.C., Padgurschi, M.C.G., Pires, A.P.F., Castro, P.F.D., Gadda, T., Toledo, P., 2019. 1o Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. BPBES - Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossitêmicos. Editora Cubo, São Carlos. https://doi.org/10.4322/978-85-60064-88-5
  5. Silva, J.M.C., 2015. A conservação da biodiversidade como estratégia competitiva para a Amazônia no antropoceno, in: Silva, O.M.A., Homma, A.K.O. (Eds.), Pan-Amazônia: Visão Histórica Perspectivas de Integração e Crescimento. FIEAM, Manaus, pp. 140–156
  6. Sonter, L.J., Herrera, D., Barrett, D.J., Galford, G.L., Moran, C.J., Soares-Filho, B.S., 2017. Mining drives extensive deforestation in the Brazilian Amazon. Nat. Commun. 8, 1013. https://doi.org/10.1038/s41467-017-00557-w
  7. Souza, P., Xavier, D., Rican, S., de Matos, V., Barcellos, C., 2015. The Expansion of the Economic Frontier and the Diffusion of Violence in the Amazon. Int. J. Environ. Res. Public Health 12, 5862–5885. https://doi.org/10.3390/ijerph120605862
  8. Veiga, M.M., Hinton, J.J., 2002. Abandoned artisanal gold mines in the Brazilian Amazon: A legacy of mercury pollution. Nat. Resour. Forum 26, 15–26. https://doi.org/10.1111/1477-8947.00003
  9. ELETRONORTE - Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A., IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1997. Plano de Manejo da Reserva Biológica Uatumã. Plano Manejo Fase 1. URL http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-de-manejo/rebio_uatuma_pm.pdf (acesso em 12 de setembro de 2019).
  10. Rylands, A.B., Pinto, L.P.D.S., 1998. Conservação da Biodiversidade na Amazônia Brasileira?: uma Análise do Sistema, Cadernos FBDS. Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, Rio de Janeiro.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 4.1 Roads & railroads habitat past,present,future national very high
A constante expansão de estradas é um fator que contribui para a perda de biodiversidade e degradação florestal na Amazônia (Joly et al., 2019). Na Amazônia brasileira, 22.713 km de estradas federais ou estaduais são complementados por 190.506 km de estradas não oficiais, frequentemente associadas à exploração madeireira e atividades rurais, onde quase 95% de todo o desmatamento ocorre dentro de um distância média de 5.5 km de estradas (Charity et al., 2016). A construção de uma estrada induz a mortalidade de árvores na borda da floresta devido a danos mecânicos, alteração do microclima, suscetibilidade ao estresse hídrico de árvores que crescem adjacentes à estrada, o que tem provocado mudanças na composição de espécies arbóreas (clímax são substituídas por secundárias) e aumentado a fragmentação (Kunert et al., 2015). Além disso, o efeito de borda criado pela presença de uma estrada tem forte influência no uso de água pela floresta (Kunert et al., 2015). Fearnside (2015) argumenta que as estradas atuam como impulsionadoras do desmatamento, atraindo trabalhadores migrantes e investimentos para áreas de floresta anteriormente inacessíveis dentro da Amazônia. Segundo o autor, o desmatamento é então estimulado não apenas por estradas que aumentam a lucratividade da agricultura e da pecuária, mas também pelo efeito das estradas (acessibilidade) na especulação de terra e no estabelecimento de posse de terras. Pfaff et al. (2007) apontam ainda o impacto severo da abertura de estradas na Amazônia, que leva invariavelmente a mais desmatamento, não só nos municípios e povoados por onde passam, mas também em setores vizinhos, através do efeito de “transbordamento” (spillover effect).
Referências:
  1. Joly, C.A., Scarano, F.R., Seixas, C.S., Metzger, J.P., Ometto, J.P., Bustamante, M.M.C., Padgurschi, M.C.G., Pires, A.P.F., Castro, P.F.D., Gadda, T., Toledo, P., 2019. 1o Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. BPBES - Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossitêmicos. Editora Cubo, São Carlos. https://doi.org/10.4322/978-85-60064-88-5
  2. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D., Stolton, S., 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
  3. Kunert, N., Aparecido, L.M.T., Higuchi, N., Santos, J. dos, Trumbore, S., 2015. Higher tree transpiration due to road-associated edge effects in a tropical moist lowland forest. Agric. For. Meteorol. 213, 183–192. https://doi.org/10.1016/j.agrformet.2015.06.009
  4. Fearnside, P.M., 2015. Highway Construction as a Force in the Destruction of the Amazon Forest, in: Ree, R. van der, Smith, D.J., Grilo, C. (Eds.), Handbook of Road Ecology. John Wiley & Sons, Ltd, Chichester, UK, pp. 414–424. https://doi.org/10.1002/9781118568170.ch51
  5. Pfaff, A., Walker, R., Aldrich, S., Caldas, M., Reis, E., Perz, S., Bohrer, C., Arima, E., Laurance, W., Kirby, K., 2007. Road Investments, Spatial Intensification and Deforestation in the Brazilian Amazon. J. Reg. Sci. 47, 109–123.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2.1 Species mortality 1.1 Housing & urban areas habitat,locality,occupancy past,present,future regional high
Com uma alta densidade demográfica (41 hab. por ha), na zona Norte de Manaus o crescimento populacional tem sido o principal responsável pela degradação ambiental que a mesma vem sofrendo. A construção de conjuntos habitacionais pelo poder público e privado é um dos principais responsáveis pelo desmatamento verificado nos últimos18 anos. Mas sua proximidade com a Reserva Adolpho Ducke há uma grande preocupação, pois os estudos mostram que a Reserva sofre grande pressão devidoao surgimento cada vez mais intenso de ocupações irregulares em seu entorno (Nogueira et al., 2007). O crescimento urbano de Manaus foi o maior da região Norte, sendo considerada hoje o 12º maior centro urbano do país, e uma metrópole regional, com 1.644.690 habitantes. Nos últimos dez anos, Manaus, foi dentre os municípios mais populosos do Brasil, o que apresentou a maior taxa média geométrica de crescimento anual (Nogueira et al., 2007)
Referências:
  1. Nogueira, A.C.F., Sanson, F., Pessoa, K., 2007. A expansão urbana e demográfica da cidade de Manaus e seus impactos ambientais, in: Anais Do XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Florianópolis, pp. 5427–5434.
  2. Nogueira, A.C.F., Sanson, F., Pessoa, K., 2007. A expansão urbana e demográfica da cidade de Manaus e seus impactos ambientais, in: Anais Do XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Florianópolis, pp. 5427–5434.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2 Species stresses 1.3 Tourism & recreation areas locality,mature individuals,occupancy past,present,future local low
A área de mata ciliar da cachoeira Baixa do Tarumã, sofre aos efeitos das atividades humanas como por exemplo o turismo (Farinaccio e Stevens, 2009).
Referências:
  1. Farinaccio, M.A., Stevens, W.D., 2009. Matelea quindecimlobata (Apocynaceae, Asclepiadoideae), a New Species from Amazonas, Brazil. Novon A J. Bot. Nomencl. 19, 156–158. URL https://doi.org/10.3417/2007134
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 9.1.1 Sewage habitat,locality past,present,future local medium
O chorume gerado do aterro sanitário da cidade de Manaus, contem alta concentração dos metais pesados (Zn, Co, Ni, Cu, Fe, e Pb). Este chorume contamina os corpos hídricos da Bacia do Tarumã-Açu causando impacto ambiental. Segundo Santana e Barroncas (2007) a alta concentração destes metais pesados está muito acima dos valores permitidos pela resolução 357/2005 do CONAMA. O rio Tarumã e seus afluentes, estão impactados por resíduos provenientes de um aterro sanitário e secundariamente por esgotos domésticos. (Santos et al., 2006)
Referências:
  1. Santana, G.P., Barroncas, P. de S.R., 2007. Estudo de metais pesados (Co, Cu, Fe, Cr, Ni, Mn, Pb e Zn) na Bacia do Tarumã-Açu Manaus (AM). Acta Amaz. 37, 111–118. URL https://doi.org/10.1590/S0044-59672007000100013
  2. Santos, I.N. dos, Horbe, A.M.C., Silva, M. do S.R. da, Miranda, S.Á.F., 2006. Influência de um aterro sanitário e de efluentes domésticos nas águas superficiais do rio Tarumã e afluentes - AM. Acta Amaz. 36, 229–235. URL https://doi.org/10.1590/S0044-59672006000200013
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.2 Small-holder grazing, ranching or farming habitat,occurrence,occupancy past,present local high
No município de Presidente Figueiredo a pecuária encontra-se em desenvolvimento, com perspectivas de aumento futuro, particularmente a criação de bovinos. A área ocupada pela agropecuária situa-se ao longo das estradas BR-174, AM240, onde estão implantadas diversas fazendas e com uma predominância de pastagens, e ao longo das vicinais, onde se pratica predominantemente atividades agrícolas (ICMBio, 1997).
Referências:
  1. Eletronorte - Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A., IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1997. Plano de Manejo da Reserva Biológica Uatumã. Plano Manejo Fase 1. URL http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-de-manejo/rebio_uatuma_pm.pdf (acesso em 12 de setembro de 2019).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2.1 Species mortality 5.3.2 Intentional use: large scale (species being assessed is the target) [harvest] locality,habitat,occupancy past,present regional very high
O comércio de madeira, legal e ilegal, pode ser o primeiro estágio da degradação e conversão florestal. A extração de madeira é uma causa relativamente menor de desmatamento na Amazônia, mas cria uma degradação florestal significativa e, mais importante, abre a floresta para outras explorações e uso da terra, incluindo o desmatamento completo. O escopo da extração seletiva de madeira é subestimado, mas pode ter um impacto prejudicial sobre a biodiversidade. Mais amplamente, estima-se que a extração seletiva de madeira leve a uma completa mudança no uso da terra em um quarto dos casos na Amazônia (Charity et al., 2016). Registro constante de atividades ilegais de grande impacto desenvolvidas na maior parte das áreas protegidas da Amazônia foi desenvolvido por Kauano et al. (2017). Os autores encontraram 27 tipos de uso ilegal de recursos naturais que foram agrupados em 10 categorias de atividades ilegais. A maioria das infrações estava relacionada à supressão e degradação da vegetação (37,40%), seguida pela pesca ilegal (27,30%) e atividades de caça (18,20%). Esses resultados demonstram que, embora as APs sejam fundamentais para a conservação da natureza na Amazônia brasileira, as pressões e ameaças representadas pelas atividades humanas incluem uma ampla gama de usos ilegais de recursos naturais. A densidade populacional de até 50 km de uma AP é uma variável chave, influenciando atividades ilegais. Essas ameaças colocam em risco a conservação a longo prazo e ainda são necessários muitos esforços para manter os APs suficientemente grandes e intactos para manter as funções dos ecossistemas e proteger a biodiversidade.
Referências:
  1. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D., Stolton, S., 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
  2. Kauano, É.E., Silva, J.M.C., Michalski, F., 2017. Illegal use of natural resources in federal protected areas of the Brazilian Amazon. PeerJ 5, e3902. URL https://doi.org/10.7717/peerj.3902

Ações de conservação (1):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental de Presidente Figueiredo - Caverna do Moroaga, Área de Proteção Ambiental Taruma/Ponta Negra e Reserva Biológica do Uatumã. Também registrada na Reserva Florestal Adolpho Ducke.

Ações de conservação (2):

Uso Proveniência Recurso
9. Construction/structural materials natural stalk
A maioria, senão todos, os membros deste gênero produzem uma madeira pesada frequentemente usada na construção. A madeira é usada na construção, marcenaria, painéis, pisos industriais, escadas, carpintaria pesada, componentes de móveis, etc (Tropical Plants Database, 2020).
Referências:
  1. Tropical Plants Database, Ken Fern. tropical.theferns.info. 2020-10-19. <tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Hymenolobium+heterocarpum>
Uso Proveniência Recurso
1. Food - human natural
Hymenolobium heterocarpum pode ser usado para fazer sopas pelos índios da Amazônia (Briggitthe Melchor-Castro comunicação pessoal, 2020).